domingo, 15 de outubro de 2017

Pré-publicação: com a concordância do autor o texto que se segue será incluído num livro meu de traduções que sairá ainda este ano.
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              Cadernos do Deserto

                    Fragmentos

I

Chegámos ao lugar onde o asfalto
se cravava na pele
                            aleonada
                                          do deserto,

como um aguilhão.


Se uma estrada que não vês
não é uma estrada,

os instantes que não recordas
terão sido a tua vida?

II

Imagina a palma de uma mão
que não tivesse linhas,

isso é o deserto:

a beleza
daquilo que nos falta.

IV

Ao ver o escorpião, compreendi:

não há duas obscuridades
que doam o mesmo.


    Rodríguez, Josep M. . Sangre seca. Madrid: Hipérion, 2017, pp 44-47 (Tradução de Victor Oliveira Mateus).
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