terça-feira, 19 de setembro de 2017

Pré-publicação:
o original em português e a versão espanhola sairão no próximo número de Crátera Revista de Critica y Poesia Contemporánea.
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     As palavras e a máscara


.Para que servem as palavras
que nunca cheguei a dizer?
As justificações?
Um cabriolar de motivos,
que, por mais autênticos e verdadeiros,
lerias como farsa
para um palanque que o tempo não poupou.
De que serve falar do não pensado
ou do pensado sem rigor nem previsões;
dessa loucura antiga
que a vida inteira puniu
como um resgate
do que em mim emenda nunca tivera
nem sequer diminuição?:
pagamento desmedido;
tormento por um gesto descuidado,
estouvamento;
máscara com que ainda hoje disfarço
aquilo que não tem nome.
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.              Victor Oliveira Mateus
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      Las palabras y la máscara
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¿Para qué sirven las palabras
que nunca llegué a decir?
¿Las justificaciones?
Un cabriolar de motivos,
que, por muy auténticos y verdaderos,
leerías como farsa
hacia un palenque que el tiempo no arruinó.
¿De que sirve hablar de lo no pensado
o de lo pensado sin rigor ni previsiones;
de esa locura antigua
que la vida entera punió
como un rescate
de lo que en mí nunca había tenido enmienda
ni siquiera atenuante?
Pago desmedido;
tormento por un gesto descuidado,
atolondramiento;
máscara con la que aún hoy disfrazo
aquello que no tiene nombre.
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                   Victor Oliveira Mateus (Trad. José Ángel García Caballero)
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