segunda-feira, 26 de dezembro de 2016


   "De Dinamene a Camões"


Dentro da minha morte vive o breve
engano de teus versos magoados
e a trémula tristeza tão perene
que a vida fez mais longa de alongada

Tens nas mãos a memória quando escrevem
as secretas palavras celebradas
e nos lábios sem ânimo    apartado
o meu nome de carne e de mistério

Fui para ti o musgo sobre a pedra
a placidez das ondas entre o grito
a estrela humilde no teu céu de espera
ao sofrimento    à mágoa    à piedade

Repouso nos teus versos    Mas quem sabe
o sal maior das lágrimas vertidas?


  Salvado, António. Poemas Escolhidos. Castelo Branco: A.23 Edições, 2016, p 26 (Nota de apresentação de Margarida Gil dos Reis).
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