terça-feira, 11 de agosto de 2015

Nota - será publicada este ano, em Espanha, uma Antologia com poemas meus dos últimos anos. O soneto que aqui é postado, dedicado à figura e obra de Léon Felipe, é um dos inéditos que integrará a referida obra e que aparecerá, como é óbvio, na sua versão castelhana.
.
.

                                    Frente ao espelho 

 

                                                  ni piedra de un palacio,
                                                 ni piedra de una iglesia;
                                                 como tú,
                                                 piedra aventurera.

 

                                                     Léon Felipe, In “Como tú...”

 

 

Pensar-me pedra deslocada e d’aventura
em destreza por exílios sobre a terra
e por entre estilos onde a vida sempre erra
em glória (traiçoeira) que pouco dura.

 
Desenhar minha senda inconformada e pura
em pátrias vincadas d’ódio e guerra
que na esperança pérfida vingança ferra
armas de vileza que minha escrita mura.

 
Pensar-me pedra e nada mais! Maravilha!
Como ela ser coisa calejada e cantante
à beira da vida. Entre seixos e gravilha

 
por mim também passar: fugaz e circunstante
em busca daquela madrugada que brilha
no que de mim ficará – claro e anelante.