domingo, 29 de março de 2015



  " Ossos sem nome  "


Como reter um qualquer
pedaço de vida
se o esquecimento desmancha
até a sombra do sonho
que é o ócio do corpo?
O vazio e o nada rompem
as endurecidas lembranças
que seguram com remendos sagrados
a funda altivez da morte.


Já chamam de pátria
a surda cantiga da terra.
Risos, venenos, segredos,
suor de amantes, intrigas e encanto
disfarçam-se nos lírios
e nos enfeites do mármore.


O que fica
guardado no tempo?


Ossos sem nome.




   Peixoto, Lina Tâmega. Entre desertos. Rio de Janeiro: Ibis Libris, 2013, p 24.
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