sábado, 27 de setembro de 2014





Habituada ao luto, sou irmã dos náufragos.
Penduro todas as noites a minha lanterna
de lata cheia de óleo, acendo o pavio
e digo uma oração nesse lugar sagrado
onde as enormes ondas em volta do leme
são cortantes como facas afiadas nas escarpas.
Conheço bem o mar inquieto naquelas horas
em que os barcos esquecem o caminho para o cais.




    Pires, Graça. Espaço livre com barcos. Macedo de Cavaleiros: Poética Edições, 2014, p 29.
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