segunda-feira, 10 de março de 2014



    "  No pontão, subitamente  "


Não temos nada em comum:
nem o tempo dos encontros
nem a hora da despedida,
desencontrados entes rentes a si
e para sempre beijados por
intransigentes tangentes.

Apenas alguns pensamentos:
a chama do bico do gás,
o frio dos barcos,
a abordagem inesperada.

No pontão o vazio
é mais fundo,
as águas silenciam os seus soluços,
dizem-nos que o nosso amor morreu

mas além um vulto chama à vida
o nosso olhar
e reparamos que viéramos aonde vivêramos
assim replicando uma casa
com um regresso.


  Jonas, Daniel. Passageiro Frequente. S/c: Língua Morta, 2013, p 67.
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